Professor, Aluno e Aprendizagem: Entendendo as Altas Habilidades/Superdotação com Clareza e Empatia
Texto desenvolvido por inteligência artificial [a partir de Fontes Limitadas e elencadas logo abaixo] e supervisionado pelo Editor do site. Em inteiro teor.
Um aluno com Altas Habilidades ou Superdotação (AHSD) não é, necessariamente, aquele que tira as melhores notas ou o mais comportado da turma. Muitas vezes, ele é o inquieto, o questionador, aquele que se desliga da aula porque já entendeu o conteúdo ou porque precisa de mais estímulos para se engajar. Pensar em AHSD é entender que há alunos que pensam mais rápido, mais profundamente ou de forma mais criativa que os demais — e que, por isso, se expressam de modos diversos e nem sempre óbvios.
Ao explicar esse conceito a um colega de sala dos professores, o mais importante é evitar os jargões e começar pela observação prática. “Veja aquela aluna que tem um vocabulário surpreendente para a idade, que vive inventando histórias ou que mergulha por semanas num único tema com um entusiasmo incomum: talvez ela seja superdotada”. Esse olhar atento, livre de preconceitos ou ideias fixas sobre o que é “ser bom aluno”, é o primeiro passo. Segundo Howard Gardner, as inteligências humanas se manifestam de várias formas — musical, linguística, lógica, corporal, interpessoal, e mais. Logo, um aluno com AHSD pode ser aquele que compõe melodias com facilidade, resolve problemas matemáticos intuitivamente ou percebe emoções dos colegas com notável precisão.
Na sala de aula, alguns sinais servem como pistas valiosas: interesse intenso e contínuo por certos temas, facilidade de aprendizado mesmo com pouca instrução, questionamentos frequentes e profundos, soluções criativas para questões do cotidiano e um raciocínio sofisticado para a idade. Esses indícios, contudo, devem ser interpretados com cuidado. Joseph Renzulli propõe que a superdotação resulta da convergência de três fatores: habilidade acima da média, comprometimento com tarefas e criatividade. Isso significa que a presença de um único traço, isolado, pode não caracterizar AHSD, mas o conjunto articulado desses elementos merece atenção especial.
Identificar um aluno com essas características é apenas o início. O passo seguinte é sistematizar observações concretas: registrar comportamentos, situações em que o aluno se destacou de modo singular e exemplos práticos. Com esse material em mãos, é possível levar a questão à coordenação pedagógica e, se necessário, envolver a família de forma sensível e propositiva. O encaminhamento para uma avaliação especializada, apoiada institucionalmente, é crucial para o desenvolvimento saudável desse potencial. Como destaca Enrichetta Alencar, o suporte da escola faz toda a diferença no florescimento do talento.
Ainda assim, muitos dilemas surgem no cotidiano do professor. “Ele é brilhante, mas vive disperso” ou “ela domina tudo, mas não entrega nenhuma tarefa” são frases comuns quando lidamos com alunos superdotados. Isso ocorre porque o sistema tradicional, com sua estrutura padronizada, nem sempre atende às necessidades desses estudantes. Um aluno que não se sente desafiado pode parecer desinteressado, enquanto uma aluna que pensa de forma visual ou intuitiva pode não se adaptar bem à exigência de registros extensos. Virgínia Virgolim aponta que a incompreensão do contexto escolar é um dos maiores obstáculos para esses jovens.
A boa notícia é que existem estratégias eficazes e viáveis para promover um ambiente mais acolhedor e estimulante. A adaptação curricular pode incluir desafios extras, aprofundamento de conteúdos ou a elaboração de projetos de investigação. O modelo de enriquecimento escolar de Renzulli e Reis sugere oferecer a esses alunos a oportunidade de explorar seus interesses em maior profundidade, com atividades que rompem a rotina convencional. Ferramentas como a tutoria reversa — em que o aluno ensina algo aos colegas — e o agrupamento por afinidade são alternativas que valorizam a autonomia, o protagonismo e a colaboração. Recursos visuais e digitais, como vídeos, jogos e podcasts, também se mostram eficazes para sustentar o engajamento.
Situações reais ilustram bem como essas estratégias podem ser aplicadas. Se Mariana termina uma tarefa em tempo recorde, desafie-a a formular uma pergunta complexa e buscar a resposta. Se Gabriel parece disperso, mas sabe tudo quando é chamado, ofereça a ele uma atividade prática, como a criação de uma maquete ou vídeo. Se Júlia gosta de ensinar, incentive-a a montar uma miniaula. Essas ações simples sinalizam ao aluno que ele é visto, compreendido e valorizado por aquilo que é.
Para facilitar o trabalho docente, é recomendável o uso de recursos visuais que auxiliem na identificação e intervenção: infográficos com os principais sinais de AHSD, mapas mentais que mostrem os tipos de superdotação, checklists interativos para uso no planejamento e quadros comparativos entre alto desempenho e superdotação. Esses instrumentos ajudam o professor a visualizar com mais clareza o fenômeno e a tomar decisões mais seguras.
Em última instância, reconhecer as Altas Habilidades/Superdotação em sala de aula é um ato de escuta, atenção e empatia. Quando o professor compreende e explica esse conceito com clareza para um colega, aplicando-o com sensibilidade em sua prática pedagógica, ele se torna um multiplicador de conhecimento e um agente transformador. Afinal, muitos desses alunos ainda estão em silêncio, à espera de alguém que os enxergue. A escola tem o poder de ser esse lugar de revelação e acolhimento. A tarefa é grande, mas começa com um gesto simples: olhar com cuidado, ouvir com atenção e perguntar — e se esse aluno for brilhante de um jeito diferente?
Referências Bibliográficas:
Alencar, E. M. L. S. (2001). Criatividade e superdotação: contribuições para a identificação e desenvolvimento. Vozes.
Gardner, H. (1983). Estruturas da mente: A teoria das inteligências múltiplas. Artes Médicas.
Renzulli, J. S. (1978). What makes giftedness? Reexamining a definition. Phi Delta Kappan.
Renzulli, J. S., & Reis, S. M. (1997). The schoolwide enrichment model: A how-to guide for educational excellence. Creative Learning Press.
Virgolim, A. M. R. (2007). Superdotação e educação: Desafios e possibilidades. WAK Editora.